Muitas pessoas têm curiosidade de saber o episódio da caçada do
EMU que fiz com os aborígines australianos da ilha de Bathurst em
1972, quando estudava antropologia na Austrália. Este episódio, como
sempre disse, ensinou-me o valor do foco. Desde então tenho visto
que pessoas e empresas que têm foco, têm sucesso.
Aqui vai a narração do episódio:
Na noite anterior à caçada, os aborígines australianos, com quem
vivi e estudei, fazem a dança da caça onde uma parte do grupo faz
o papel da caça e outra parte o dos caçadores. Nessa dança eles
acreditam “caçar de fato” o animal. Após a “caçada” (na dança) eles
comemoram, fazem as chamadas pinturas rupestres (desenham
o animal caçado nas paredes das cavernas ou nas árvores) e vão
dormir. No dia seguinte, se levantam e vão “apanhar o animal”, com os
bumerangues e lanças próprios para (agora sim) caçar o animal que
acreditam já ter sido devidamente “caçado” durante a dança na noite
Um certo dia os aborígines me convidaram para a dança do Emu
(Emu é uma avestruz, uma ema que existe naquela parte do mundo)
pois iríamos caçar no dia seguinte. Fizemos a dança como descrevi
No dia seguinte deram-me a incumbência de achar as pegadas de
emu. Ensinaram-me como eram as pegadas. Ao achar alguma pegada
de emu, eu deveria chamar os caçadores. Os aborígines são exímios
examinadores de pegadas. Pela análise eles sabem exatamente onde
está o animal para apanhá-lo.
Eu ia à frente do grupo. De repente encontrei umas pegadas. Eram
na verdade de canguru. Chamei a todos. Eles vieram, viram que
as pegadas não eram de emu e sim de canguru e disseram: Essas
pegadas são de canguru. Eu disse: mas canguru não é mais gostoso
que emu? Eles responderam: Sim, é. Mas nós hoje estamos caçando
EMU e não canguru. E se espalhavam novamente.
Mais um pouco e encontrava outras pegadas. Sabia que não eram de
emu, mas mesmo assim chamei os caçadores. Eles disseram: Essas
pegadas são de wallabies (um pequeno canguru). Eu disse: mas
wallabies não são mais gostosos que emu e até mais gostosos que
canguru? Sim, responderam eles, mas hoje estamos caçando emu
e não wallabies ou cangurus. Outro dia voltaremos para caçar outro
animal. Hoje estamos caçando emu!
Na quarta vez que parei a caçada e as pegadas não eram de emu,
eles me disseram:
– Nós estamos caçando EMU. Fizemos a dança do EMU, trouxemos
os bumerangues de EMU, as lanças de EMU. Se você parar a caçada
cada vez que encontrar qualquer pegada, nós não vamos caçar nem
emu, nem canguru, nem wallabies. Outro dia nós voltaremos para
caçar cangurus ou wallabies. Hoje estamos caçando EMU.
Foi então que eu aprendi a razão de todo primitivo ir caçar e voltar
com a caça rapidamente. Eles sabem exatamente o que estão
caçando e não se desviam do foco.
Na empresa e no nosso dia-a-dia é a mesma coisa: um objetivo e
metas claros e definidos, e muito foco nesses objetivos e metas; se
tivermos os instrumentos certos para atingí-los (ou armas adequadas);
pessoas certas com as habilidades necessárias, treinadas; dedicação
e entusiasmo; com certeza, atingiremos nossos objetivos, por mais
audaciosos que pareçam ser.
Assim, o foco, é, sem dúvida, um dos principais fatores de sucesso de
pessoas e empresas. Pense nisso. Tenha Foco. Sucesso!
Por: Luiz Marins